segunda-feira, 4 de maio de 2009

Portugal, Holanda, táxis e taxistas

Quero admitir desde já que sofro de um grave preconceito e que este post vai servir para o exorcisar. Sofro de uma enorme desconfiança, para não dizer temor, dos taxistas e, por muito que me queira convencer que nem todos são iguais, as pernas tremem-me de cada vez que estendo o braço para mandar parar um. Tudo começou em Portugal onde, como condutora habitual, sofria diariamente com a forma com que a maior parte destes profissionais encaram a estrada, o código que (supostamente) a rege e os restantes utilizadores (motorizados ou não). Agora, aqui em Amesterdão, além do medo de morrer num acidente, junta-se um novo medo, que é o de ser assaltada... pelo próprio taxista. Vamos por partes.
Tenho um medo que me pelo de andar de táxi em Portugal porque a maioria dos taxistas parecem kamikases ao volante, apesar de não me constar que o governo lhes pague ou os doutrine para se espetarem contra seja o que for. Quando me obrigam a circular dentro de um a primeira coisa que faço é procurar (freneticamente) e colocar (com a maior firmeza possível) o cinto de segurança. Já frisei a um senhor que não lhe tinha dito que estava com pressa de chegar ao meu destino. Já guinchei a outro que o sinal estava vermelho quando o seu pézinho teimava em não abandonar o pedal da direita. Não quero saber o que possam pensar, eu quero é chegar inteira ao destino.
Agora, ao medo de perder a minha saúde (aos taxistas de Amesterdão deve sair-lhes a carta de condução na mesma farinha que aos portugueses) junta-se ainda o temor pela saúde da minha carteira. É que tudo é caro nesta terra, tudo bem, mas pagar para sofrer... já chega na depilação! Não é que o senhor que conduz o taxi saque de uma pistola ou navalha e me obrigue a dar-lhe a minha quase sempre paupérrima carteira ou o fraco telemóvel. Não, o que ele faz é roubar no que cobra. O mariduncho já teve mais experiências interessantes, mas as minhas experiências, apesar de pouco numerosas, revelaram-se ilustrativas. Da primeira vez, ainda não tinha nascido este aquário, o taxista que nos trouxe do aeroporto tinha o taximetro colocado junto aos pés - óptima localização, se os clientes insistirem em ver o dito pode ser que o chulé lhes tolde o raciocínio e achem que pagar 45 € por 30 minutos de caminho é razoável. Mas nem isso é necessário, porque perante o nosso pedido para ver o valor no mostrador, alegou simplesmente que já o tinha apagado. E viva a transparência! Ontem, quase à 1 da manhã, um jeitoso queria cobrar-nos, à partida, 15€ para nos trazer numa viagem que, de eléctrico e na hora de ponta, não demora mais de 20 minutos! Sem utilizar o taximetro nem nada... fez umas contas de cabeça, somou a falta de transportes públicos àquela hora com o nosso discurso em inglês e o resultado foi um ora paguem lá 15 euritos que só vos faz é bem. E o melhor disto tudo é que parece que os taxistas cá são uma espécie de profissionais liberais, ou seja, não há empresa nenhuma a quem reclamar, cada um tem o seu carrinho, é o seu próprio patrão e nós se quisermos podemos sempre reclamar... com o próprio. Os resultados serão óbvios.
Depois disto tudo o que me apetece dizer é (e eu não gosto de dizer estas coisas), passasse-se isto lá no nosso rectângulo e bradava logo meio mundo (connosco à cabeça), "aqui d'el rei que é uma autêntica república das bananas, cada um faz o que quer, vivemos mesmo no terceiro mundo!"
P.S. - Se me esqueci de mais alguma das críticas habituais, perdoem-me e lembrem-me, que eu acrescento, acho que faz todo o sentido e o post só tem a ganhar.

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