quarta-feira, 29 de abril de 2009

Feriados

Para quem não sabe, amanhã é feriado, é Dia da Rainha (supostamente comemora-se o aniversário da rainha, se bem que a actual, coitada, parece que nasceu em Janeiro, mês muito pouco agradável neste hemisfério em geral e aqui em particular; a senhora, que parece ser simpática, resolveu que já era mau q.b. ela ter de comemorar ao frio, não valia a pena obrigar todo o país a fazer o mesmo e, vai daí, manteve o feriado nacional no dia do aniversário da sua mãe, 30 de Abril, amanhã). Perceberam?
Adiante, acontece que o Dia da Rainha comemora-se aqui em Amsterdão, onde a família real vem desfilar pelos canais e mostrar-se aos súbditos, que vêm todos cá ver a parada, comer nas ruas, comprar tralha em segunda mão que os locais podem vender na rua, ouvir concertos e sabe-se lá o que mais. Isto a juntar aos que já cá vivem e ao turistame do costume. Como o mariduncho só é dado a apertos comigo e com mais ninguém ;) vamos dar à sola amanhã bem cedinho e ver como páram as modas ali na Alemanha. Colónia e Frankfurt, cá vamos nós!
Tu e eu, encontramo-nos aqui na segunda, sem falta! Hasta.

Do que somos feitos

Os poetas escrevem. Os filósofos pensam. Os médicos tentam explicar a coisa cientificamente. Mas, por muito que misturem o ambiente com a genética, que puxem pela cabeça, que abusem das palavras, nunca serão capazes de reduzir o que cada ser humano é a uma simples fórmula, a uma teoria ou a um poema. Muito menos se reduzirá a um texto escrito por mim, mas aqui vai, que é esta a disposição do dia.
Se há algo que faz de nós o que somos, são as nossas memórias. O que vivemos, o que fizemos, o que nos deram e, principalmente, as pessoas que nos acompanharam em todas ou em cada uma das etapas. Tudo isto está na nossa cabeça, muito ou pouco enterrado em camadas sucessivas de problemas, acontecimentos, obrigações, que ocupam o nosso dia-a-dia. E, no meio das nossas caóticas vidas, por vezes, parece-nos que nos esquecemos de tudo. E queremos lembrarmo-nos, queremos recordar, mas tudo o que nos vem à cabeça é o presente. Para isto são precisas as outras pessoas. As fotos. Os diários. Os filmes. As músicas. E, mais modernamente, os blogs.
Uma colega blogger tem no cabeçalho do blog que escreve para o seu filho que espera que ele não lhe leve a mal a exposição. Eu tenho a certeza que não vai levar. O que ela descreve são as pequenas coisas do quotidiano que vão escapar, inexoravelmente, para o fundo do baú que é a nossa memória. Coisas pequenas, mas não insignificantes, e que tão bem nos sabe recordar. Sabe bem conversar, ou escrever, sobre as pessoas que nos importam, e saber que na mente do outro há uma versão ligeiramente diferente do que há na nossa. É tão bom olhar para fotos ou filmes caseiros de outras épocas e ver a agir, a falar, a amar-nos pessoas que o tempo já nos roubou - seja da forma mais radical, a morte, seja de forma gradual, o envelhecimento. É recordar o dar o dedo em vez da mão (que nós já somos crescidos), o chamar "cão" a todos os animais (até a um pobre passarinho diminuto), a fila de cabeças a passar que mal ultrapassava a altura da mesa da cozinha (que hoje sentem o ar a mais de 1,70m de altura), o acreditar que um helicóptero nos vem buscar para nos levar à escola, a birra que fizémos para que nos oferecessem um triciclo, os filmes de cowboys que vimos no cinema do bairro na companhia do avô, os bolos que a mãe nos levava a comer ao Domingo, as Barbies que os padrinhos nos traziam do Brasil, os jogos com que nos entretinham nas intermináveis bichas da Ponte 25 de Abril.
Muitos destes pequenos acontecimentos estão na nossa memória. No entanto, não estariam se não os revivessemos. A memória é muito frágil e não consegue competir com as exigências do dia-a-dia. A partilha faz com que a nossa vida tenha contornos, porque aquilo que para uns são memórias distantes da infância, para outros são memórias muito nítidas da primeira vez que foram pais. A ideia que temos de alguém, sem muitas certezas, é corroborada por outra pessoa que connosco a conheceu. As sensações que um determinado acontecimento nos transmite, vistas de outro ângulo. Tudo isto somos nós e são os nossos. A paciência, a amizade, o companheirismo, o amor que nos dedicam, ao longo da vida, as pessoas que connosco a vivem. É para isto que estamos nesta terra, sem a mais pequena dúvida.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Afinal não sou só eu... (ao som da conhecida música popular portuguesa)

Ontem ia muito bem no meio da rua quando sai um rapaz de um prédio. Muito decidido, dirige-se ao grupo de bicicletas estacionado no passeio. A um passo do aglomerado de rodas, estaca. Olha. Dá um passo para a direita. Olha melhor. Torce o pescoço para a esquerda. E repara em mim, que parei no meio do passeio e fiquei a olhar com um meio sorriso nos lábios. Fala-me em holandês, sorrindo também, eu papagaio a frase mais repetida nos últimos meses ("Sorry, I don't speak Dutch...") e ele repete em inglês que não sabe qual é a sua bicicleta. Aha! Eu sabia! Não sou só eu! Não são só os totós não-holandeses, que não estão habituados a tanta bicicleta! Afinal, after all, eles também perdem as bicicletas no meio da confusão! Ganhei o dia. :)

Hoje sou de Sintra

Hoje, como é costume, comecei o dia com as notícias da BBC ao pequeno-almoço e continuei com o Público online. E qual não é o meu espanto quando vejo um título que afirma que Sintra proibiu touradas e espectáculos de circo com animais! E, ao abrir a notícia, descobri que nem sequer são os primeiros, Viana do Castelo, Braga e Cascais já tinham feito o mesmo (pelo menos quanto à tourada)! Finalmente, um pouco de civilidade. Mais respeito pelos animais do que por supostas tradições. Fiquei feliz.

Entretanto, comecei a ler os comentários (mais de 150!) que por lá deixaram. E li com cada coisa... O apelo à "tradição" está por todo o lado - sim, vamos lá todos a voltar a fazer aquilo que se fazia há uns séculos atrás, tipo bater nas mulheres, pôr crianças a trabalhar, enforcar ou queimar pessoas na praça pública, etc., etc. Afinal, são "tradições"! Há ainda gente que vem defender a tourada para que o touro não se extinga - isso, vamos criar animais para os torturar na arena! Outros, defendem que a tourada é uma arte (??). Comparam matar (ou torturar) um touro a esborrachar uma melga ou barata (fiquei completamente estupidificada quando li semelhante barbaridade, acho que, na realidade, ainda não recuperei totalmente). Ah, sem esquecer quem defende que a tourada "atrai turismo" - claro, é isto e a matança de focas e baleias no norte da Europa, são cá umas atracções turísticas! Também há os que aproveitam para apelar ao vegetarianismo. Comer carne, lá têm alguma razão, não é necessário para a nossa sobrevivência. No entanto, entre comer animais e fazer da sua tortura um espectáculo... vai uma certa distância! E isto sem falar daqueles que não conseguem articular duas frases e nem se percebe de que lado estão. No geral, parece-me que os que apoiam a medida são bem mais do que os que a criticam (ao menos isso!), mas é uma triste amostra das mentes retrógradas e iletradas que ainda existem no nosso país. Enfim...
Mas não quero saber, estou feliz na mesma! Mesmo que sejam sítios onde a tourada já não era popular (como alguém apontou), é um princípio. Pode ser que o resto do país o vá seguindo. A esperança é a última a morrer.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

I'M just not that into THIS FILM

Uma desilusão... Pensei que este filme* fosse engraçado, para lá das piadas, que conseguisse captar um pouco o que torna as relações entre as pessoas tão difíceis, e como as pessoas são diferentes. Mas não. Não é engraçado - nem num sentido nem no outro. Não me ri, nem sequer sorri, até metade do filme. O meu pobre mariduncho contorcia-se na cadeira e suspirava. E não achei que as personagens representassem ninguém - se bem que algumas partes me lembrassem certos episódios da adolescência com algumas amigas - o que, por si só, também não é nada abonatório para personagens que deveriam ter, há muito, saído da adolescência.
Não gosto de comentar filmes, acho que o gosto de cada um é extremamente pessoal, soma de experiências, de acontecimentos, expectativas e sei lá o que mais. Por isto, cada um gosta do que gosta, e não me venham com conversas típicas dos críticos de cinema. Estou a escrever sobre este em específico porque me desapontou e não estava à espera. E, mais do que querer dizer a quem ler este post "não vás vê-lo, não vale um chavo", espero tão-somente transmitir a minha desilusão. Se forem ver e gostarem, melhor - não sentem que acabaram de desperdiçar €7.
* para quem ainda não percebeu, o filme é o He's just not that into you (não me apeteceu procurar o título em português)

sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril


Mesmo à distância. Apesar de tudo. Mais que não seja, pela LIBERDADE.*
* depois de ler isto, já não tenho tantas certezas, mas...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Será que meio conta?

Hoje tomei banho de manhã bem cedinho, ainda com os olhos a recusarem lidar com as fortes luzes que iluminam a minha casa-de-banho. A questão é que, a meio do banho, muito concentrada a tentar lavar o cabelo e massajar o couro cabeludo ao mesmo tempo, como fazem maravilhosamente no meu cabeleireiro, noto que se solta um cabelito... Puxo-o diligentemente (odeio cabelos colados ao corpo, blergh!) e, qual não é o meu espanto, conforme vai saindo da massa de milhentos cabelos castanhos, o cabelo deixa de ser escuro e passa a... branco???? B-r-a-n-c-o? Pronto, aí abri os olhos de vez, mas agora não eram os olhos que se recusavam a ver, era o meu cérebro que se recusava a processar aquela informação.
Primeiro, entrei em denial. Desde a nascença tenho um cabelo branco no meio de uma generosa cabeleira castanha escura. Este cabelito, que o meu pediatra dizia ser como um sinal, mas em forma de pêlo, tem uma resiliência digna de um gato. Volta sempre a nascer, apesar das muitas vezes que foi arrancado com ganas por simpáticas criancinhas ou adultos excessivamente curiosos. Ou seja, esta manhã pensei que o dito cabelo seria este sinal de nascença. A fase denial não durou muito. É que este cabelo era só branco até meio, e não totalmente branco como o do sinal, algo que eu comprovei nas "n" vezes em que foi impiedosamente arrancado. Passei assim para a fase inventive. Ora, tinha-me caído um cabelo que, por algum mal estranho, estava branco do meio até à ponta. Quem sabe, uma gota de descolorante da companheira do lado no cabeleireiro tinha, por engano, salpicado para o meu cabelo, caído sobre aquele fio em especial e descolorado o pobre até à ponta? Ao crescer, nascia escuro, mas a parte horrorosamente descolorada ainda não tinha sido cortada. Boa? Esta teoria, apesar de boa, infelizmente também não resistiu muito, submersa pela realidade. A parte que estava branca não era a ponta, mas a que trazia agarrada aquela bolinha a que nós chamamos raíz e que no CSI serve para apanhar tantos e tantos bandidos com problemas de queda de cabelo! Recapitulando: a ponta era escura, a raíz, branca. Ponta, escura; raíz, branca. NÃOOOOOOO! A realidade caiu-me em cima como uma bomba. Aquele meu cabelinho tinha nascido, há sabe-se lá quanto tempo, castanhinho como manda nosso senhor (sim, ele não gosta de cabelos brancos, que eu sei) e a meio do seu percurso tornou-se... tornou-se.... branco! Snifff! Que horror! Estou a ficar com cabelos brancos!
Saí rapidamente do duche, completamente esquecidas as massagens ao couro cabeludo, enxuguei a trunfa com a toalha e toca de lhe dar com o secador até estar sequinho. E vá de procurar. Procurei em cima, junto às raízes, e madeixa a madeixa, do lado direito, do lado esquerdo, o mais atrás que me foi possível (não queria partir o pescoço, mas de um torcicolo já ninguém me livra), com a ajuda de um pente, em frente ao espelho. Parecia uma macaquinha, a catar-me a mim própria, mas o que parece certo é que, iuppii!, não achei mais nenhum cabelo descolorado. Nem o de nascença! Com um bocado de sorte aquele fio de cabelo foi um engano, uma experiência a ser retomada daqui a cerca de uma década, quem sabe nem sequer era meu, e afinal eu não estou ainda a ficar com cabelos bancos.
Ah, mas claro que, pelo sim pelo não, já apresentei uma reclamação a quem de direito: a minha mãe, quem havia de ser? Ora se tenho o cabelo igual ao dela, e ela só teve os primeiros brancos aos 40 e tal, teve que fazer alguma coisa mal quando me preparou a mim!!! E tenho dito.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Crise?

Um conhecido empresário do mundo do espectáculo português, que até é quase monopolista na sua área, teve esta belíssima conversa com outra pessoa no conforto do seu lar:
"Ai, empresário, a crise está péssima, não sei como não te queixas!"
"Queixar-me? Crise? Qual crise? Até aproveitei para descer alguns dos ordenados do pessoal e portanto os lucros até subiram!"
É por estas e por outras que se costuma dizer que a crise, realmente, não é para todos... E já tive o desprazer de ouvir o dito empresário noutras ocasiões, em que a crise ainda não se fazia sentir, e as palavras eram sempre de desalento, tudo muito mau, quase só dava para sobreviver! Comentários para quê?
P.S. - não vou dar nomes porque, mesmo num aquário tão pequenino, as notícias voam... mas a conversa vem de fonte super, hiper, mega-credível, acreditem; e as palavras, não sendo exactas, mantêm o espírito.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

:)

O que é que diz um holandês a um tuga meio entornado que fica chato como o diabo?

"See that tram? That's the one you have to take!"

Nunca mais!

Depois das reacções ao meu último post nunca mais escrevo sobre bebés! Sim, é que só se vê um comentário da minha querida momentU, mas obtive mais uns quantos por outras vias... E só faltou acharem que estou à espera de bebé! Não, não estou grávida, não, não estou a planeá-lo e não, não é algo que deseje (pelo menos nos próximos... anos!). Fogo, já não se pode ter 30 e desabafar um pouco!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Os (tr)intas

Olho à minha volta e começo a ver os sinais da idade. Não em mim, que estou fresca como uma alface, mas nas pessoas à minha volta. :) Os casamentos, primeiro sinal, já começaram há uns anos e vão-se multiplicando, felizmente ainda sem divórcios associados (só um, de alguém distante, mas prelúdio de outras fatalidades, sem dúvida). E este ano tenho mais um casório, muito, muito importante, de uma querida amiga que muito o merece. As mudanças de casa. Deixar o aconchego do ninho materno e partir à aventura. Partir à aventura para longe, fora do nosso rectângulo, onde as oportunidades surgissem. Depois, seguimento lógico do casamento (apesar de alguns terem passado por cima desta formalidade), as crianças. Olho à volta e já começo a divisar os princípios de uma autêntica equipa de futebol (esta gente só tem meninos, chiça, vamos começar a cortar no Y, pessoal, que tantos XY já chateiam!).
Nos (principalmente nas) que ainda estão em fase de treinos para a concepção e reprodução da espécie ('bora lá duplo Xs!) começam a ouvir-se as inevitáveis conversas sobre o relógio biológico. E li aqui uma das melhores sínteses do que as mulheres sentem, que me inspirou este texto. É absolutamente verdade. Pode não haver vontade de perder liberdades. Pode horrorisar a perspectiva de 9 meses com uma barriga que não é nossa, mas da qual normalmente não nos livramos na totalidade. Pode assustar a consciência de que, nos próximos (largos) anos, temos uma responsabilidade maior para com outro do que para connosco. Mas a sensação que se sobrepõe a todas é a certeza de que estamos a passar a barreira do que é razoável em termos de concepção para as mulheres. Dos trinta em frente as dificuldades e problemas associados à gravidez só aumentam. E entre a falta de vontade e as dificuldades financeiras surge o espectro dos pais velhos. A falta de paciência. A falta de actualidade das ideias. A maior dificuldade em acompanhar a criança - física e intelectualmente. E eu sei (sei mesmo) que a idade está muito mais na nossa cabeça do que no nosso BI, mas a verdade, verdadinha, é que isto também me assusta. Fala-se muito dos "entas" mas, pelo menos para as mulheres, os "intas" já não são nada simpáticos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Afinal... em que direcção segue o autocarro?

Bem, poucas respostas, muito poucas... uma, na verdade! E de um anónimo! Pois, eu sei, isto de saber menos do que miúdos de 5 anos intimida.

E a verdade é que o nosso anónimo... não acertou! O autocarro vai, na verdade, para a esquerda. E porquê? "Porque não se vê a porta."

Realmente... o que é que se pode dizer? Têm razão!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Em que direcção segue este autocarro?

Digam lá, em que direcção é que acham que segue este autocarro?
Quem sabe a resposta? Só há duas possibilidades, esquerda ou direita, mas tem uma explicação. Chegou-me por e-mail, achei engraçado e resolvi colocar-vos o problema. Pensem bem, puxem por essa cabecinha, e digam de vossa justiça. Estou para ver quem descobre...
P.S. - no e-mail vinha a resposta e dizia ainda que miúdos de 5 anos conseguiram responder correctamente - ao contrário de mim :(

O primeiro

Yuppi!! A mensagem anterior motivou o PRIMEIRO comentário no meu modesto bloguesinho de alguém que não me conhece! Sim, sim, alguém que não me conhece de lado nenhum veio parar aqui ao aquário e deixou um comentário! Ainda por cima positivo :) Também, com um senhor daqueles na fotografia! É outra "europeia" (segundo ela, parece que já não somos emigrantes, mas "europeus") a andorinhar por Amsterdão. E parece que adorou Berlin, cidade que está a chamar por mim desde que aqui cheguei!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Há louros e louros



Ele há muitas portuguesas que não gostam de louros. Sim, tenho amigas que não são fãs, já li explanações em vários blogs e mesmo eu, com toda a franqueza, não morro de amores pela pelosidade descolorada. O dourado é uma cor que perde a sua piada quando misturado com dois outros ingredientes - a masculinidade e o crescimento. Já tinha esta impressão mas com a convivência diária com os holandeses ela transformou-se em certeza. Há louros em barda nesta terra que, basicamente, se dividem em três categorias. 1- as mulheres, bonitas; 2 - as crianças, uns anjinhos; 3 - os homens (e esta categoria tem início aos 12 anos), horrorosos. Como é que é possível umas crianças tão engraçadas transformarem-se desta maneira?! Dá-me a ideia que a quantidade de louros giros é inversamente proporcional à de crianças louras fofinhas! Enfim...

Mas ele há louros e louros... E digam-me lá que não se esgatanhavam por uma lambidela deste louro?! Por um abanão de rabinho?! Por um fio de baba e escorrer pelas comissuras dos lábios enquanto os olhos não se desviam, não piscam, completamente focados na sandes de fiambre que estamos a comer?! Lindoooo.... Tal e qual um lorde, de patinhas cruzadas, a gozar o sol numa janela com almofada e vista para o canal! Totalmente poised, consciente da sua beleza, não ligava puto ao monte de idiotas embevecidos que se acotovelavam para tirarem uma foto bem centrada do seu pêlo luzidio, concentrado apenas na absorção de vitamina C e no ocasional pato a esvoaçar por cima das nossas cabeças. Sem dúvida, ser estrela está-lhe na massa do sangue.

P.S. - tenho tantas, tantas, tantas saudades da minha lourinha, linda e casmurra como só ela...

terça-feira, 14 de abril de 2009

A-DO-REI








Como prometido, aqui ficam umas fotos... Tal como alguém adivinhou, acabei de regressar de Bruges e Ghent, dois sítios maravilhosos com montes de calhaus antigos que, há séculos e séculos atrás, alguém resolveu juntar em forma de igrejas, casas, torres e pontes. Em cima, à esquerda, temos o Minnewater em Bruges, à direita o Graslei, em Ghent e em baixo de novo Bruges, com uma das vistas mais fotografadas, do Rozenhoedkaai (cais) para as casas junto ao canal e a torre Belfry lá ao fundo a controlar. Lindo, lindo, com o São Pedro a ajudar!





quinta-feira, 9 de abril de 2009

E eu?

Bem, bem! Uns vão para Portugal, outros para Cuba, outros sabe deus para onde... e eu? Sim, euzinha, uma fã assumidíssima do laureanço da pevide, para onde vou?! Então, vou para a Bélgica! (Ahah, aposto que estavam a pensar que eu não ia para lado nenhum, apanhei-vos!). É que está mesmo a ver-se, fim-de-semana prolongado de 4 dias - sim, 4 dias, que viver nas Holandas também tem vantagens - em que tudo quanto é macaco há-de cair aqui em Amsterdão com o único objectivo de tornar a vida dos locais um autêntico inferno tipo sardinha-em-lata, e euzinha ia ficar aqui! Fat chance! Ora dêem uma espreitadela a onde vou, pequenina, que quando voltar prometo fotos melhores.


quarta-feira, 8 de abril de 2009

ugly oilily

É incrível. Há poucos dias passei por uma loja de roupa de criança e uns coelhinhos de pano chamaram-me a atenção, eram tão giros e originais, com umas flores a fazer de olhos, que pensei cá para comigo que, realmente, era uma pena todos os bebés que conheço sejam rapazes (qualquer dia dá para uma equipa de futebol). E hoje, na minha leitura matinal de blogs, dei com esta tristeza:
Uma marca de roupa de criança holandesa muito conhecida (aparentemente até tem lojas em Portugal) está a vender um boneco plagiado de uma criadora portuguesa, Rosa Pomar, um coelhinho de pano com olhos em forma de flores!! No blog da criadora achei fotos de ambos os produtos e o comentário da própria e, realmente, é triste uma pessoa criar algo e ver esse trabalho copiado à descarada sem qualquer tipo de proveito ou reconhecimento!
Como a batalha legal deve ser, no mínimo, complicada, e já que a blogosfera pode existir para mais do que desabafos público-privados, então quem puder que envie esta reclamação:
i
"Dear Oilily representative,

I am aware that your product no. 103394-3005 is a copy of Rosa Pomar's well known soft doll and that she hasn't given you permission to use her design. As a consumer, i have lost my confidence in your company. I will never buy from you again and I will advise everyone else to do the same until you have corrected this situation.

Please stop selling product no. 103394-3005 and all other products that include the image of this doll immediately. You should also contact Ms. Pomar and compensate her for her loss.

Sincerely,
..."
para info@oilily.nl, mais que não seja enchemos-lhes a caixa com reclamações!

terça-feira, 7 de abril de 2009

O Vondelpark

Adoro ir ao Vondelpark dar umas voltas. É um parque de cidade ao estilo do Central Park de Nova Iorque, apesar de bem mais pequeno (também, só numa cidade daquele tamanho é possível tanto hectare de parque). Vénia seja feita aos holandeses, não há dia nem hora em que o parque tenha pouca gente, faça chuva ou faça sol. Se há povo que gosta de laurear a pevide, é este. Passeiam casaisinhos, passeiam em grupos, passeiam com os miúdos, com o cão, a pé, de bicicleta, de patins, tanto faz. E é preciso ver que o tempo que faz nesta terra não é dos mais propícios ao passeio. Na sexta-feira passada então, em que a temperatura subiu a uns extraordinários 20ºC, meia Amesterdão estava espalhada pelos relvados do Vondelpark a tostar braços e pernas num sol mais do que aprazível.
Mas com a Primavera há outra coisa que me diverte nos passeios no Vondelpark. As patas com os seus patinhos atrás. Já vi patinhos na adolescência, com idade de andar na primária, e hoje vi, finalmente, daqueles que, fossem humanos, estariam ainda no berçário. Patinhos daqueles que aparecem a ilustrar o livro do Patinho Feio (não o Patinho em si, que esse todos sabem que é um cisne, mas os irmãozinhos dele), pequenas bolinhas de pêlo amarelinho, tão fofinhos que apetece estender a mão e apanhar um. Sempre adorei estes bichos, em miúda adorava levar migalhas de pão para alimentar os do Parque Eduardo VII ou os dos jardins de Belém e não gostava nada quando os peixes, que também habitavam nos mesmos lagos, vinham comer o que não lhes pertencia! Agora, infelizmente, já não há patos em lado em nenhum em Lisboa! Com a histeria da gripe das aves desapareceram com tudo quanto é ave aquática da cidade e nunca mais arranjaram novos animais para animar o que agora são apenas tanques sujos e abandonados de água esverdeada. As perguntas que faço a mim própria não seguem uma ordem muito lógica mas continuam a saltar-me à memória. Será que a gripe das aves não sobrevive com o frio holandês e por isso não tiveram que exterminar os pobres animais? Será que há excesso de zelo em Portugal (mas só em certos casos, como dizimar aves indefesas)? Já que os patos eram um perigo tão grande que tiveram de ser eliminados, porque não exterminaram também os pombos que infestam a capital? Aposto que havia muita gente feliz... E, já agora, o que pensavam fazer em relação às gaivotas, caso a famigerada gripe aviária chegasse a Portugal? Enfim, há pequenas coisas (pequenas, mas grandes) que fazem com que sinta um pouco menos de falta de Portugal.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

...

Há 15 dias atrás foram finalmente colocadas na rua da minha mãe as placas que assinalam o lugar de estacionamento que lhe está reservado por ser portadora de deficiência numa perna. Desde essa altura conseguiu estacionar lá o carro 3 vezes.
Em duas semanas nunca encontrou o lugar vazio. No primeiro dia colocou mensagens nos vidros dos carros que lé estavam a chamar a atenção. Continuaram lá três ou quatro dias. Duas tardes parou o carro no meio da rua, com os quatro piscas ligados, a bloquear os carros que lhe ocupavam o lugar. Nada. Hoje de manhã, chamou o reboque, deixando mais uma vez o carro a impedir a saída dos que lhe ocupavam o lugar. Esteve lá uma hora e meia parado. Mais uma vez, ninguém apareceu.
Quando o reboque da polícia chegou, a minha mãe desceu à rua e, nem cinco minutos depois, apareciam ambas as donas dos carros, uma primeiro, a outra pouco depois! Cheias de pedidos de desculpas, não vi, não sabia, não reparei... O que é certo é que durante uma hora e meia nenhuma deu pelo carro parado no meio da rua que lhes bloqueava a saída. No entanto, as duas inocentes que nem sabiam que tinham o carro mal estacionado, estavam na rua de chave na mão pouquíssimo tempo depois de chegar a polícia, evitando que, além da multa, ainda tivessem de pagar o reboque.
Cá para mim, e tendo em conta que nenhuma das senhoras tinha consciência da ilegalidade, é preciso ter sorte para ir à janela mesmo na altura em que chega a polícia. Mas isto sou só eu...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Carros quitados*

O meu carro é melhor c'ó teu! Olha-me só esta pintura metalizada, e o ailleron (ai que não sei escrever o raio da palavra, será que é assim?) traseiro? Parece o space shuttle! Eh, pá, não, o meu é que é bom, já ouviste o sonoro que bomba das novas colunas?! Só não se ouve tão bem porque o ronco do motor a sair por aquele escape melhorado, platinado e agigantado o abafa um bocadito...
Estas conversas sempre me deram ataques de riso. E dos grandes! Às vezes carros velhos, velhos mas todos pipi, cheios de acrescentos, passeiam donos quase inchados de tanto orgulho no bólide-sucata. Este tipo de acessórios seguem uma regra simples: quantos mais, mais brilhantes, barulhentos e maiores, melhor! O meu carrinho velho (Deus guarde a sua alma em paz) teve dois problemas simultâneos: uma vela fundida e o tubo de escape roto. Ora qualquer condutor sabe que o escape roto faz um barulho dos diabos, o que pode não saber é que uma vela fundida faz com que o carro acelere sozinho, mesmo parado, por exemplo, nos semáforos. Não imaginam aqueles meus dois ou três dias a conduzir por Lisboa um carro que roncava como o mais quitado dos tunnings e ainda por cima, de moto proprio! Houve atrasados a julgarem que eu estava a "picar-me" com eles, pois o meu Punto acelerava em seco como se quisesse chegar em primeiro à pole position (este texto está lindo, também não sei se isto se escreve assim). Chorei a rir. Infelizmente, o carro lá teve de ir a arranjar e os picanços evaporaram-se.
Mas nestes últimos dias ouvi a versão paranóica-terrorista dos taradinhos do tunning, nas insuspeitas figuras do Exmo. Sr. Presidente dos EUA e do não menos Exmo. Sr. Presidente da Rússia. Foram para Londres com os seus bólides atrás e toca de dizer, ai o meu carro é à prova de bomba, ai, não, mas o meu é muito melhor, aguenta com granadas lançadas por um rocket! Ora, pel'amor de Deus! Tenham juízinho, não me digam que as pilinhas dos países agora também são directamente proporcionais à qualidade do bate-chapas oficial da presidência!
* acabei de me aperceber que "carros quitados" parece ser a definição dos carros que, após um grave problema de piolhagem, resolveram ser esfregados com o imortal Quitoso! Ahahah!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

No rescaldo do 1º de Abril

Numa outra piada do dia 1º de Abril um comediante imitou a voz do ex-presidente norte-americano Richard Nixon dizendo que se ia recandidatar à presidência e que o slogan da campanha era, nada mais nada menos do que: "I didn't do anything wrong, and I won't do it again."
Ora digam lá se este slogan não se aplicava bem a qualquer recandidatura de presidentes, primeiros-ministros, presidentes de câmara, de junta de freguesia, etc., etc., deste nosso Portugal!*
* até na recandidatura de ex-ditadores e ex-reis, desejados ou não, maiores portugueses de todo o sempre ou não...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

1º de Abril

Nem me tinha lembrado deste dia... em criança adorava, mas era tão tonha que caía em tudo quanto me dissessem! Um dia os meus pais asseguraram-me que íamos para Lisboa (vivia então na Costa) de helicóptero, notícia que me deixou eufórica! Nada de bichas (as do trânsito, as outras nem sabia que existiam) e voar pela primeira vez! Até me explicaram que o helicóptero iria pousar no topo do meu prédio para nos apanhar... Nem imaginam a tristeza quando começámos a descer no elevador e eu perguntei porque não íamos para cima, apanhar o helicóptero!
Enfim, mas o que me chamou a atenção para o dia de hoje foi esta notícia, que descobri no Yahoo. Ouçam o primeiro vídeo, o do esparguete, é lindo! Eu, pelo menos, tinha a desculpa de ser uma criança inocente...

Eu quero a MINHA bicicleta!


Esta coisinha que vêem aqui à direita foi uma das minhas prendas de Natal. Como se pode ver é uma clássica bicicleta de mulher, cinzenta, grande, marca RRazelle*, igual a tantas outras, sem nada distintivo. E qual é o problema?, perguntam vocês. Nenhum, quando está trancada na minha arrecadação, que tem um grande 25C colado na porta. Mas quando saio com ela tenho de deixá-la sempre num lugar distintivo, para eu saber que aquela que está sozinha, ou amarrada ao sinal de trânsito ou virada ao contrário das outras é a minha. O problema é que, invariavelmente, quando regresso para a ir buscar, quinhentas outras bicicletas igualmente cinzentas, grandes, etc., etc.... foram deixadas no mesmo lugar e como é que eu descubro a minha menina? Reina a confusão no meu cérebro, será que a deixei à porta ou agarrada ao poste? Disparo olhares em pânico para a direita e para a esquerda, e a pergunta querem ver que me roubaram a bicla? surge do quinto dos infernos para me atormentar.

Foi neste estado de espírito atormentado que no outro dia, durante as limpezas, descobri uma florzita vermelha de papel (sabe Deus de onde veio) guardada dentro de uma gaveta. Abençoada mania de enfiar tudo quanto é idiotice minimamente engraçada para dentro de gavetas e caixas de cartão! É só receber uma prenda com um qualquer berloque pendurado que penso logo, ai que coisinha tão gira, pode fazer falta para qualquer coisa! e toca de a guardar. Foi uma mania que muitas vezes me foi útil na altura em que dei aulas aos pequenotes da primária, que em três anos consumiram a maior parte das minhas preciosidades, e que agora devolveu paz de espírito à minha alma. De cada vez que abandono a minha bicla no meio da rua já não penso que poderá ficar perdida no meio de tantas outras porque há uma pequena flor vermelha que, enfiada na sua campaínha, a distingue para lá de qualquer dúvida. Quando saio do supermercado é só olhar para 20 ou 30 campaínhas e ver qual é que tem a dita flor lá enfiada. Estou em paz.




* RRazelle é como se lê... na realidade escreve-se Gazelle (aquele animal saltitão que costuma ser almoço de leões em África, estão a ver?)

Irra, estou a ficar farta daquela piscina

Pois é... mais uma surpresa desagradável numa ida à piscina! Como tinha dito já noutro post, os horários são diferentes de dia para dia e algumas horas têm tipos específicos de natação (naaktzwemmen, por ex.). Ora hoje das 10h ao meio-dia havia quiet swimming - e lá fui eu na esperança de gozar uma horinha na calma e sossego de uma piscina silenciosa. Sim, porque tradizir quiet swimming por natação silenciosa não é, diria eu, algo muito rebuscado. Qual não é o meu espanto quando, ao entrar na área do raio da piscina, não só ouço o som da conversa como gritos! Pensei cá para comigo... tanta regra, tanta regra e no final quiet swimming my ass! Mas também não era só por isso que me ia chatear!
Quando me aproximo da água começo a distinguir as pessoas (graças à minha pitosguice crónica antes eram só e apenas vultos) e a grande maioria está, claramente, acima dos 70 anos. E não são poucos, mas sim umas boas 2 ou 3 dezenas de anciãos de molho. Foi aí que me surgiu a mais importante das perguntas, naquelas circunstâncias... como é que eu vou conseguir nadar alguma coisa de jeito no meio da brigada do reumático?!
Lá entrei na água a bufar e só depois de algumas braçadas (não muitas dadas as cisrcunstâncias) é que alguém me disse que quiet swimming não tem nada a ver com silêncio, mas sim com os idosos. É a hora em que não se pode nadar depressa, nem estilos muito espalhafatosos. O quiet, afinal, significa calminho.
Resumindo, estive mais de meia hora a nadar bruços, quase não consigo escrever este post com as dores nos braços e decidi que quiet swimming outra vez só quando também eu me enquadrar na honrosa brigada do reumático!