quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Num pulinho

Passo só para dizer que não morri nem do frio nem do calor que já passei aqui na lusitânia e que é difícil manter o estaminé quando não se está em casa muito mais de 2 horas de seguida, sem contar com as que se passa a dormir. Para a semana já estou de volta ao frio (correm boatos de mínimas entre os -6ºC e os -15ºC, estou a considerar ficar por cá mais dois ou três mesinhos) e à escrita regular. Aos portugueses tenho a dizer: irra, minha gente, eu sei que chove a potes e têm os putos em casa por causa das férias mas saiam do centro comercial! É que aqui a emigrante quer aproveitar os preços um pouco mais baixos aqui do país para abastecer a sapateira e o armário e assim torna-se difícil. Hoje à noite terá lugar mais uma tentativa, como ainda não sei em que antro do consumismo irei aterrar, libertem-me o Fórum Almada, as Amoreiras e o Dolce Vita apartir das 19h30, sff. Ah, e o Allegro também, por precaução. Muito agradecida!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Nuns lados...

... treme, noutros neva! Caiu esta noite o maior "nevão" que já tive o prazer de ver a cobrir Amsterdão. Está tudo branco, com uma camada de uns bons 5 cm e tenho a dizer que a Luna não aprecia a neve. Se eu não usasse sapatos também não apreciaria, de certeza. E que a máquina, no meio de tanto branco, não a consegue focar, apesar de pretinha*. O próximo post já será Made in Lisbon. Vaga de frio, aqui vou eu!

* desculpas de mau pagador (aka mau fotógrafo)...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

E quando A'dam cheira às escadinhas da Regina?

Quem não se lembra dos chocolates da Regina? Embalagem sobrecomprida, vermelha com laivos dourados, chocolate de leite? Mais do que o paladar, a Regina faz disparar o meu olfato. Fui à fábrica por duas vezes, em visita de estudo com a escola primária. Lembro-me do calor que fazia lá dentro e de oferecerem um saco gigantesco de chocolates, bombons variados e autocolantes. Mas, além dessas visitas, passava lá ao pé muitas, muitas vezes, toda a minha infância e adolescência. Andávamos tanto a pé naquela altura que não sei como não gastámos as pedras da calçada. O cheiro do chocolate a ser feito... entranhou-se-me na memória e continua a enviar-me num instante para aquelas escadinhas (não faço ideia porque é que toda a gente usa o diminutivo, de pequenas não têm nada) onde terminava o edifício da fábrica da Regina e onde estavam as gigantescas turbinhas que faziam circular o ar dentro da fábrica e salivar os passantes... O resultado é que já estive nas escadinhas da Regina quando estive Bruxelas, à procura do Mannekin Pis, ou em Bruges ou, por duas ou três vezes, em Amsterdão. Sempre que o ar cheira a chocolate. Nos outros locais, a culpa é das fontes de chocolate derretido que é costume terem nas montras das chocolaterias. Em Amsterdão, não sei. Mas há dias em que o ar cheira a chocolate. E cheira tão bem... cheira a tempos felizes.


Foto roubada daqui, depois de uma pesquisa no Google. Estão a ver o prédio à direita com janelas quadradas pequeninas? Era aí a Regina, hoje é um condomínio privado com preços acima do aconselhado. E estas são as escadinhas da Regina. Não sei o seu verdadeiro nome. Os carros que se vêem a meio da foto estão numa rua que fica a meio das escadinhas - como podem ver pela fileira central de candeeiros, elas continuam até lá acima, à Rua Gil Vicente. Se calhar começou-se a chamar-lhes "escadinhas" como piada.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Piada de emigrante

É preciso regressar a Portugal para passar frio... dentro da minha própria casa!

Peço desculpas à tecla "faz frio" por não a deixar em paz mas é que não consigo pensar noutra coisa. E pensar no gelo que vai estar no meu quarto de Lisboa na 5ª-feira quando chegar também me causa arrepios, e muitos. Não há comparação possível - aqui faz muito mais frio; o sol deixa de se sentir na pele a partir de Outubro; as ruas estão à sombra mesmo a meio do dia porque o sol em vez de se levantar bem alto no céu passeia pelo horizonte sem forças para mais; a relva à sombra mantém a geada congelada (que belo duo) até mesmo à hora de almoço. Em Portugal, sofre-se dentro de casa. E ainda se ouve pessoas que defendem que o quentinho dentro de casa não é bom porque depois está muito frio lá fora e o choque térmico faz mal e tal e coisa. Bullshit. Se isto fosse verdade toda a Europa para lá da Península Ibérica (e já estou a lançar-me em adivinhações porque não conheço a realidade espanhola) passava a vida doente devido aos choques térmicos. Sim, porque aqui faz muito mais frio e as casas estão muito mais aquecidas. E não tenho sofrido nem ouvido queixas sobre choques térmicos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vaga de frio? Onde?

Não fosse esta a última aula do Cervantes e ia já a correr para a rua, ia. E chegar a casa às 23h, quando devem estar uns -5ºC, pois claro que ia. Irra, que até sinto a pela da cara a repuxar. Daqui a três dias estou a pousar em Portugal, espero aguentar as temperaturas polares que por lá se estão a fazer sentir...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Rituais

Há quem tome banho antes de ir dormir. Há quem não saia de casa sem rímel. Há quem escove o cabelo antes de se deitar. Eu, passeio a princesa cá de casa antes de irmos para a cama. E é um ritual elaborado: pôr a coleira na bicha; vestir-lhe a capa para o frio*; pegar num saco, abri-lo** e atá-lo à alça da trela; prender as calças dentro das peúgas para calçar as patas de mamute; calçar as luvas e de seguida vestir o casaco; fechá-lo bem até acima; enrolar o cachecol à volta do pescoço, o mais para cima possível, de preferência a tapar o queixo; soltar o cabelo e pôr o gorro na cabeça, cuidado para não deixar orelhas de fora; pegar nas chaves e guardá-las no bolso. Demorou quase 10 minutos mas estamos prontas a sair.

* feels like -2ºC lá fora, não brinquemos
** experimentem abrir um saco novo com luvas***
*** é preciso relembrar? feels like -2ºC lá fora, acham que ia tirar as luvas!?

sábado, 12 de dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Raio dos espanhóis

Devem andar com poucos alunos no Cervantes e vai daí resolvem que a melhor maneira de resolver o problema é diminuirem as horas lectivas de cada curso consoante o número de alunos inscritos. Eu sei que quanto menor o número de alunos mais fácil é a aquisição de conhecimentos, mas passarem cursos de 39h para 36h (se a turma tiver 6-7 alunos) ou para 30h (4 ou 5 alunos) parece-me um bocadinho desproporcional!*

* Será que pagam aos professores à hora? É que não estou a ver outra justificação para este corte!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vai-t'embora, ó melga!

A Luna, princesa como é desta casa, tem direito a três passeios diários. O matinal é com o dono, antes de ir para o emprego, o que, em linguagem mariduncho significa cedo, bastante cedo... E o "cedo", agora, é de noite! Ora, de noite, o que é que se faz? Dorme-se, pois claro! A Luna concorda e assina por baixo. Já são duas manhãs que não quer sair. Ontem, não se levantava da caminha dela, nem abria os olhos. Cardíaco, o mariduncho já estava a lançar um lamento tipo "Mas o que se passa, a cadela não acorda, estará doente?" quando se dignou a abrir a pestana. Hoje abriu os olhos, lá isso abriu. E até se levantou... para dar uma voltinha no mesmo lugar e deitar-se de novo mas de costas para o dono! Se a vida da Luna desse um filme Disney, já tenho título: A Princesa Vira-lata.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Blog novo!

É interessante como as coisas se passam. Num dia recebo uma corrente culinária via e-mail de uma blogger com quem falo por causa aqui do aquário. Como pedia para avisar caso não se pudesse dar continuidade e eu não podia, avisei. Conversa puxa conversa via Gmail e, depois de passarmos pela transformação da corrente culinária em desafio para blog, chegámos à conclusão que o melhor mesmo era arranjarmos outro blog. Um blog culinário. Não é que haja poucos – há imensos. Não é que os existentes sejam maus – de modo nenhum, há coisas espectaculares. Mas este tem uma particulariedade: não é um blog nosso, mas de todos. De todos os que decidirem partilhar uma, duas ou mais das suas receitas, aquelas mesmo boas, originais, que fazem lá em casa de vez em quando, ou simples e práticas mas tão saborosas para o dia-a-dia, que com orgulho partilharão com a restante blogosfera. Daí o nome: Receitas Partilhadas. Para quem não tem tempo, ou receitas, suficientes para criar um blog só seu de receitas mas que quer mostrar que também tem talento. E como não queríamos ficar-nos pelas receitas arranjámos quem nos aconselhasse a bebida! Há tantas receitas boas por aí... Receitas novas, ou velhas, copiadas de uma revista ou livro ou passadas de geração em geração na família. Os outros também merecem conhecê-las! Partilhem-nas connosco no Receitas Partilhadas!

Homo Sapiens non urinat in ventum

é o que está escrito num edifício de Amsterdão. E não, não é graffiti (dois "f", dois "t" ou dois "f" e dois "t"?) ou qualquer tipo de escrita criativa de um adolescente com conhecimentos linguísticos acima da média. É o que está gravado na pedra. Decidido, portanto, por um arquitecto. Talvez seja um arquitecto adolescente com conhecimentos de latim acima da média? Vejam, por cima das colunas:


Este post merecia o título "A vida em Amsterdão tem destas coisas #7" mas estou obcecada com o "non urinat in ventum". Consegui dedicar-lhe dois posts! Infelizmente nem algumas pesquisas online nem conversas com locais conseguiram explicar o porquê da escolha de tão bonita e poética frase. Resta acrescentar que estas colunas servem de entrada a um complexo de edifícios onde a maioria dos estabelecimentos são restaurantes. Homo sapiens. Adequado.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Como Latim para mim é Grego

alguém que perceba esta língua que me diga se esta frase diz o que parece dizer:

HOMO SAPIENS NON URINAT IN VENTUM
.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Limbo

Tenho uma inveja do caraças daquelas pessoas que sabem o que querem fazer da vida quase desde sempre e por isso lutam pelo seu objectivo e, por vezes, melhor ou pior, conseguem alcançá-lo. Não é porque ache que as coisas lhes caem do céu ou que não precisam de se esforçar para alcançarem o que querem - mas apenas porque pelo menos têm uma ideia do que gostavam de fazer com a sua vida. Eu sinto-me num limbo. Não sei para onde me virar e o problema nem está em estar na Holanda, mas em não ter um plano. É preciso ter um plano de vida. Objectivos. Para que no dia-a-dia não nos percamos com afazeres menores ou num marasmo cheio de nadas. Pode correr tudo bem (acontece, eu já vi!). Pode correr mais-ou-menos e ficarmo-nos por meio plano realizado. E nesse caso podemos continuar a perseguir o resto do plano e pode ser que, mais tarde ou mais cedo, nos achemos satisfeitos. Pode também correr tudo mal, e não haver volta a dar-lhe para que o nosso plano de vida volte à vida... E aí estamos uns tempos perdidos. Mas pelo menos tentámos. E eventualmente outros planos de vida surgirão para tentar de novo. O meu plano de vida original desmoronou-se quando ainda era tão novo, tão novo que se fosse humano estaria ainda separado em óvulo e espermatozóide. E desde aí estou neste limbo, que só a vinda para a Holanda e a falta de emprego aqui despertou. Já tenho algo a agradecer a esta experiência expatriada: abriu-me os olhos. Agora só resta focá-los num objectivo, traçar um plano com pés e cabeça e espaço de manobra e pôr-me a caminho. Estou a guardar pelo menos metade das minhas passas desta passagem de ano para pedir inspiração...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

950

Um casal e as suas filhas, teenagers, querem mudar de casa. O objectivo é simples: estarem mais perto das escolas que elas frequentam, em Lisboa. Comprar casa está fora de questão e mesmo alugar casa, em Lisboa, como toda a gente sabe, é caro. Mas o ordenado do pai é bom e a procura começa. O sonho é que a casa tenha dois quartos, um para o casal e outro para as filhas, que até agora sempre dormiram na sala. No final de muita procura há dois apartamentos em vista, curiosamente em prédios lado-a-lado. Um com um quarto, o outro com dois. A diferença de preços não é grande, mas o casal hesita. No apartamento maior estavam mais à-vontade, mas a diferença entre as duas rendas é equivalente ao espaço de manobra do orçamento familiar. Se optarem pelo apartamento maior não pode haver precalços. O dinheiro será à justa para as despesas correntes. Mas há sempre precalços. Optam, com pena, pelo apartamento mais pequeno, as miúdas continuam a dormir no sofá-cama da sala. Tem de ser.

Só para terem uma ideia, a diferença entre as duas rendas era o preço de uma bilha de gás. Em Lisboa, na altura, o gás era de bilha. Na altura, uma bilha de gás custava 50 escudos. Sim, 50 escudos. Era essa a margem de manobra, em caso de precalço, na casa dos meus avós quando a minha mãe era adolescente. A renda da casa que alugaram e onde ainda hoje o meu avô vive era 900 escudos. Um balúrdio, na altura. Não me digam que "hoje ainda estamos pior que antigamente"*. Não brinquem.

* Porque ainda há dias ouvi esta frase a ser proferida. E, por estas e por outras, esta frase irrita-me solenemente.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Em Roma, sê romano

Em Amsterdão, usa patas de mamute.


Eu sei, não são as coisas mais bonitas que os designers de moda se lembraram de criar. E ficar bem, mesmo, acho que não ficam a ninguém. Mas são quentinhas. E confortáveis. E eu hoje andei mais de duas horas na rua, está frio e souberam mesmo bem.