quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sem título (nem comentários)

Até se arrepiam os pelinhos que eu diligentemente arranco com a máquina depilatória quando ouço uma das (muitas) variantes de: "Então, se não atirarmos um papelinho para o chão de vez em quando os varredores iam todos para o desemprego...". E, claro, não há estadia em Portugal em que os meus ouvidos não sejam brindados com esta pérola - até na praia, onde, que eu saiba, os almeidas não trabalham!
Gostava que o povo português (e falo no geral porque, apesar de saber que nem todos são assim, parece ser um problema bastante generalizado) se dedicasse com tanto afinco a salvar outras profissões. Por exemplo, que tal dar umas boas biqueiradas nos muitos paralelipípedos salientes da nossa calçada como desculpa para dar de comer ao sapateiro da esquina? E se fizéssemos greve às bombas de gasolina self-service, dado que cobram o mesmo que as que empregam gasolineiro e no final quem tem o trabalho somos nós? Talvez devêssemos (creio que esta ideia, bem divulgada, tinha futuro) deixar de pagar impostos, para terem de formar e empregar mais inspectores das finanças! E, sejamos honestos, o que é que custa partir uma perna por ano se isso mantiver mais uns quantos ortopedistas ao serviço? Para não falar dos pobres dentistas... quem não gostaria de comer mais umas chiclettes, gomas ou chupa-chups, se isso servir para que mais umas cáries mantenham vivos uns quantos dentistas?!?
Agora que dediquei mais alguns momentos a pensar nesta questão, tenho de admitir que, no fundo, os salvadores dos almeidas que comecei por citar até têm alguma razão. Para sermos um povo melhor, deveríamos colocar todas estas (e ainda outras que de momento não me ocorrem) ideias em prática, por muito que nos custassem. Afinal, todos temos de trabalhar por um Portugal melhor, com mais oportunidades e emprego.