quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lisboetas

O pessoal do resto do país revolta-se quando ouvem que Lisboa é Lisboa e o resto é província. Compreendo-os - o resto não é Lisboa (estou a falar apenas geograficamente) mas não será necessariamente província. A mim irrita-me o texto (tenho a certeza que até já o li em blogs, mas não me lembro quais!) de um autor conhecido que diz que ninguém é lisboeta, que todos os lisboetas têm raízes noutros locais. Ora não há lisboetas o caraças (e é para não dizer outra coisa, bem à moda do Norte!). Tenho alguns bisavós lisboetas e três avós que nasceram em Lisboa. O outro era da Costa da Caparica. Os meus pais nasceram e viveram toda a vida na Grande Lisboa e eu nasci e vivi toda a vida (até vir desterrada para o país dos moinhos) em Lisboa. E não sou lisboeta?!? Ora, poupem-me as generalizações da tanga.

7 comentários:

Fuschia disse...

Eu não percebo a inveja de Lisboa. Eu adoro Lisboa, mas consigo ver interesse em vários outros pontos do País. Não entendo a necessidade de as pessoas quererem estar no centro das atenções. Nem tudo é Lisboa e ainda bem, viva a diversidade!
(ainda por cima, maioria dos que falam mal de Lisboa, nem meteram cá os pés)

Underground disse...

Acho que a origem disto tudo começou com o Eça de Queirós com a mítica frase "Portugal é Lisboa, o resto é paisagem". Creio eu que, frase não tinha propriamente a ver com características geográficas, mas sim pelo facto de os acontecimentos culturais mais relevantes da época se desenvolverem em Lisboa. Mas isto originou um despique que ainda hoje se sente.

Andorinha disse...

LOL
Quem cospe pro ar, cai-lhe sempre na testa!E não me refiro a ti, mas a mim :D Já viste um post meu q falava sobre a minha fúria quando me dizem a tal frase da província :D Mas também é certo que digo às vezes: em Lisboa ninguém é de Lisboa, mas se o digo é porque em Lisboa há sempre alguém a dizer-me (qdo falamos principalmente de comida): tenho uma costela algarvia, alentejana ou nortenha :)))))) Coisa que me irrita solenemente, porque, ora bolas, tem de haver mais pessoas como tu que são orgulhosamente Lisboetas! E eu sou nortenha, mas uma apaixonada por Lisboa, a cidade mais bonita onde já vivi e pra onde hei-de voltar. Gosto de ti miúda!

Goldfish disse...

Também não vejo grande razão para o resto do país ter inveja de Lisboa nem, mais do que inveja, despeito. Tudo tem os seus aspectos positivos e negativos (viver em Lisboa também é coisa para pôr uma pessoa maluca!) e até o dito "o resto é paisagem" pode ser visto como um elogio: para mim é, adoro o resto de Portugal, especialmente o Alentejo, as Beiras e estou a adiar há anos um belo passeio por Trás-os-Montes que, desconfio, me vai conquistar. Mas tem de haver lisboetas, e muitos, bolas, afinal é a maior cidade do país sei lá há quantos séculos! O que é natural, também, é estar tudo misturado... daí a costela alentejana, a perna portuense, o olho azul minhoto, etc., etc.. E já somos duas, Andorinha: é uma cidade lindíssima, havemos de voltar a viver lá, pois havemos e eu também gosto de ti, um bocadinho mais a cada leitura!

Anónimo disse...

Podemos é falar de uma forma estatística, e aí sim, verifica-se que uma grande maioria não resiste à prova de mais de 3 gerações para cima! O resumo é o seguinte: cada ser humano é um mistério, mas quando os tentamos juntar para os podermos qualificar, está o caldo entornado. Cai-se facilmente naquela coisa de dizer - Aqueles gajos são do Norte, aqueles gajos são uns parvónios de Lisboa! Aconselho a escuta do tema do Sérgio Godinho Norte e Sul.
PS - eu sou de ascendência nobre por isso estou à vontade para tecer estes comentários
Joao Almeida

Goldfish disse...

É verdade, João, a maioria das pessoas tem pais ou avós que vieram de outros locais do país e confluíram todos em Lisboa. Mas mesmo assim não posso ser um caso assim tão único!

P.S. - gostei do pormenor da ascendência nobre, mas... o que tem exactamente isso a ver com comentar a "lisboetice" ou falta dela?

JonDays disse...

Reagiste muito bem ao meu comentário... :)) A nota sobre a ascendência nobre era para mostrar que eu estava autorizado a classificar os outros, como se estivesse numa outra dimensão (nao necessariamente superior) que me permitia falar de forma mais isenta e apartidária. No fundo foi estupidez minha, um certo convencimento bacoco, e porque não admiti-lo, pedantismo nojento! Enfim, espero que visites o meu blog e comentes www.badagaiko.blogspot.com
Joao