terça-feira, 30 de março de 2010

Viagem no tempo

Quem nunca quis ter um cão como o Tim? Quantas marias-rapazes não desejaram ter um nome que pudesse ser de rapaz, como Zé? Quantos não desenterraram as bicicletas da arrecadação depois de ler sobre um maravilhoso passeio pelo campo na companhia dos Cinco? Arrisco dizer que algumas até sonharam em ir internas para um colégio desde que as aventuras das Gémeas viessem incluídas no rol das disciplinas... Tudo isto devemos, nós, as de 30, e tantas outras gerações, anteriores e posteriores, à máquina de escrever que era Enid Blyton. Coincidência ou não, ontem vi na BBC parte de uma série sobre ela, e hoje deparo-me n'O Público com uma (excelente) peça sobre ela, os seus livros, e toda a polémica que, volta e meia, levantam à sua volta - vale a pena lê-la, aqui. Só me parece ter ficado uma coisa por dizer em defesa da senhora: ela viveu e escreveu livros nas décadas de 40, 50 e 60 do século passado e não hoje em dia. Ela escreveu durante a II Grande Guerra. Não se pode estranhar que usasse palavras como nigger - hoje impublicável - porque essa era a forma de expressão dos tempos que viveu. A família que retratou era aquela que conhecia, era a que queria ter tido, não sei, mas não era nada de estranho. Os adultos estavam maioritariamente afastados das narrativas? E o que tem isso? Não são livros para crianças? Arrisco dizer que até é bom para os miúdos de hoje lerem aqueles livros, tão claramente fruto de uma época diferente - se já eu notava a diferença, imagine-se as crianças de hoje em dia - para terem uma ideia de que o mundo mudou, de que nem tudo o que é gadget é necessário e que antes de tudo o que eles conhecem existir as crianças também eram felizes, também se divertiam e, o melhor de tudo, tinham aventuras!

4 comentários:

Gi disse...

Eu adorava os livros d'Os Cinco, tive imensos (todos?), parava na Livraria Silva no caminho de regresso da escola para ler um bocadinho daquele que ainda não tinha...
Lembro-me das passagens secretas, dos maus que habitualmente eram contrabandistas, das sanduíches de vários andares e dos scones que só anos mais tarde provei.

Rita Maria disse...

Eu adoro a Enid Blyton, juro que metade da minha moral foi bebida das Gémeas (bem, metade pode ser exagero)e aquelas noites a ler os Cinco e a Colecçao Mistério! A peça do Público pode ler-se online?

Quanto ao Nigger, que a Astrid Lindgren por exemplo também escreve, acho que é para isso que há tradutores e revisores. Na traduçao eu substituiria por palavra de igual valor, na revisao provavelmente deixava com um asterisco, como nos meus livros da Astrid Lindgren. Qual é o problema?

E essa dos adultos? Alguém se queixa muito que há poucos adultos? Olha que boa, vou começar a fazer uma lista dos livros para adultos onde há demasiado poucas crianças..

Goldfish disse...

Rita, era para fazer um link e esqueci-me... Se não perguntasses se era possível ler online nem reparava. Vou ver se ainda o consigo achar.

Goldfish disse...

Já está!