segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Baixou em mim a luz

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Dizia-me uma pessoa que todos os entrevistados pela TV na manifestação de Sábado estavam empregados. Esta afirmação deixa implícita (eu sei, eu conheço) a crítica aos que confortáveis, com emprego, sabe-se lá a ganhar quanto, se queixam, enquanto outros há, pobres coitados, que nem emprego têm - e não foram choramingar para as ruas. Eu podia ter pegado por tanto lado - mais não fosse pela óbvia representatividade estatística das entrevistas conduzidas e posteriormente editadas por um canal de televisão - no entanto baixou em mim uma ideia que, mesmo que não tenha atingido o alvo me iluminou a manhã e voltou a justificar a minha e tantas outras idas à manifestação. O que respondi foi apenas "Parece-me que o facto de estarem numa manifestação pessoas com emprego fala mais sobre quem, sem emprego, não pôs lá os pés, do que sobre aqueles que, empregados, foram."
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2 comentários:

Rachelet disse...

De facto, tem-me irritado o facciosismo dos nossos media. Lá porque meia dúzia de arruaceiros (que teriam causado desacatos no Bairro Alto numa qualquer noite de copos sem que a isso se desse nem meio minuto de atenção mediática) fizeram asneira, querem invalidar uma manifestação à escala nacional que foi pacífica e ordeira.

E depois, claro, há os comentáriozinhos maliciosos de quem, não tendo ido, se sente provocado (Freud explicaria com uma qualquer teoria de compensação de sentimento de falha; eu chamo-lhe «se a carapuça assenta...») e decide denegrir quem foi.
Quem quis ficar na sua esteve no seu direito, mas que respeite quem foi para a rua manifestar aquilo que esses e outros dizem nos cafés, nos transportes e no recato inofensivo dos seus lares.

Goldfish disse...

O que me irrita é isso mesmo: achar que está mal quem foi ou achar mal quem não foi. Razões cada um sabe as suas.