sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dantes eram SemCustos, agora são SemNexo(para o)UTilizador

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Pois é, a tecnologia é uma coisa maravilhosa, especialmente quando aplicada a coisas tão fixes como auto-estradas. Estive uns dias na zona de Leiria, onde parece haver ex-SCUTs ao virar de cada esquina, e começo a discernir o porquê de alguns algarvios andarem ao tiro de caçadeira. Então expliquem-me lá como se eu fosse muito burra: como é que pode haver uma estrada onde, para circularmos livremente e sem encargos extra futuros, temos de ter uma geringonça (que custa a módica quantia de €27,50, mas já lá vamos) pois não existe nenhum outro modo de pagamento que não inclua uma penalização? As estradas não são públicas? Não tem de haver pelo menos uma forma de pagamento que esteja ao alcance da maioria dos cidadãos, como uma máquina, à semelhança das já existentes nas restantes auto-estradas, onde o pagamento é aceite em dinheiro ou cartão multibanco? Uma honesta cidadã, seu esposo e descendência canídea não podem deslocar-se meia dúzia de dias para zonas de ex-SCUT sem transgredirem a lei, consciente e inconscientemente, para grande stress e irritação da cidadã e do seu esposo, mas não da descendência canídea, umas três ou quatro vezes?

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Como dizia acima, e após deslocação aos CTT, sei que o aparelhómetro (esgotado sem data prevista para a reposição de stocks em pelo menos 2 estações de correios por mim já visitadas) que me permitiria viajar sem problemas de consciência e perdas de tempo e dinheiro (também chegarei a estes pontos de seguida) por este jardim à beira-mar plantado custa a módica quantia (já tinha referido que é baratinho?) de €27,50. E isto não inclui nem uma mísera passagem de €0,25 por uma destas maravilhosas estradas, o dinheiro terá de ser posteriormente "carregado" num multibanco para a minha "conta" das auto-estradas como num cartão de telemóveis. Ora sendo que eu praticamente não viajo em auto-estradas, nem à Via Verde aderi, agora por causa de dois ou três períodos em que as férias são passadas fora, mas cá dentro, vou gastar quase 6 contos de reis (sinto que o câmbio para o até ver velhinho escudo transmite uma maior indignação) numa coisa que, se calhar, vou usar 15 dias em cada 365? Não, pois que não vou. Eu já era agarrada, agora com tanta conversa de crise estou a transformar-me a passos largos em somítica.

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Qual a solução?, perguntais vós, que não têm Via Verde nem querem abrir mão de 6 contos que não vos servirão para quase nada. Pois em primeiro lugar aconselho a passagem o mais esporádica possível por esses pórticos dantescos, e depois que esperem que o valor da dita portagem esteja disponível nos CTT para pagamento, dados que poderão consultar aqui, após terem cancelado o pedido de nome de utilizador e password que não são necessários. De seguida, podem esperar um pouco mais, tendo em conta o prazo estipulado para limite de pagamento (também aparece no site dos CTT), pelas passagens de dias seguintes. É que o pagamento nos CTT, além do óbvio prejuízo em termos de tempo (não há estação dos correios onde não haja uma fila de pelo menos 3 pessoas à nossa frente), inclui o pagamento de taxas administrativas no valor de €0.62 por cada pagamento. Ou seja: se queres pagar a portagem na altura em que passas, tens de esperar que reponham os stocks do dito aparelho, ir regularmente aos CTT saber se já chegaram, largar €27,50 para o comprar, carregar a coisa, guardá-la num local de onde não desapareça nos meses de interregno entre uma viagem e outra e não esquecer de a levar quando fores de viagem; ou não compras nada, esperas que o sistema dos CTT receba os dados das tuas passagens em transgressão (48h, dizem eles... bah! As minhas surgiram no sistema 120h depois da passagem), deixas passar o máximo possível de dias para que outras transgressões apareçam, deslocas-te aos CTT, esperas o atendimento, e deixas €0,62 mais o valor das portagens por, shame on you, não te ser possível pagar as ditas com dinheiro de metal, papel ou plástico, na altura em que circulaste no local que exige o pagamento. Ah, podes também não comprar o aparelho, deixar passar o tempo e esperar uma carta em casa para procederes ao pagamento, sendo que aí a deslocação te sai um bocado (ainda mais) cara: €5 de multa por cada passagem irregular. Yey!

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3 comentários:

Cristina disse...

não é espectacular este país? e todos os dias há surpresas deste e outros géneros a "brotar" das cabecinhas dos brilhantes pensadores que nos encaminham para o buraco! Yey!

Alda Couto disse...

É uma vergonha! Ou "uma vergonha" é muito pouco...

Goldfish disse...

Cristina, são os que agora chamo "luminárias". Começou com a que veio do Canadá, ainda não era ministro, mas é impossível não se propagar o uso.

Antígona, às vezes acho que já não há palavras para criticar tanta vergonha.