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A praça (aquela onde vendem peixe e legumes, e não a da Figueira ou do Rossio, o que querem, sou uma menina da costa e peixe nenhum me sabe tão bem como o acabado de pescar; pobres dos que não sabem o que perdem) está às moscas, mesmo às 9h de uma manhã de Sábado ou de Domingo. A Cooperativa de Grândola está quase vazia, filas e filas de prateleiras que recordo repletas a ostentarem apenas uma marca de iogurtes e uma marca de champôs. Ainda em Grândola, acordo para comer pão de centeio do Continente e penso "mas porque raio estou eu a comer esta mixórdia em vez de pegar na Luna e ir comprar à padaria da esquina um alentejano gigante, daqueles com uma bossa em cima, acabadinho de cozer?" A mercearia deixou de ter ananás, que a clientela não compra. A clientela que resta, quero dizer. Parte compra agora a fruta no hipermercado mais próximo, pagando sensivelmente menos mas comendo fruta com sabor a água. A água, essa, está a 0,10€ meio litro no LIDL. Mais vale. O bacalhau só se usa o de lascas, para o bacalhau com natas ou à Gomes de Sá, sem se saber exactamente de onde varreram aquela coisa que nos vendem ao preço da uva mijona. Para cozer ou assar, há o congelado. Desfaz-se em papa ao assar? Está tão demolhado que se tem de acrescentar sal à água da cozedura? Não faz mal, desde que não se tenha o trabalho de demolhar umas postas. Não sei exactamente onde ou como, mas perdeu-se algo desde o tempo em que freiras inventavam o céu apartir de gemas de ovos ou em que mulheres do povo usavam tudo o que o porco tinha em pratos de comer e chorar por mais.
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Ocorreu-me isto tudo depois de ler a I. a dizer isto; lá no fim, estão a ver, sobre carcaças e crianças? Ou seja, a culpa é dela. .