Há 15 anos, quando vim a Amsterdão pela primeira vez, chocaram-me os drogados e os mendigos que se espalhavam pelas ruas, escuras e sujas. O comboio que nos levaria embora saía de Centraal Station já de noite por isso tivemos um bom par de horas para deambular por aí, quando já se acomodavam para mais uma noite de frio aqueles que não podiam contar com um tecto. Se querem a verdade, o medo apertou, a estação e o centro lembravam a Meia-laranja só que de noite, sem carro e num país estranho. Hoje em dia já não há nada disso. Primeiro estranhei, depois entranhei: resolveram o problema! Lá resolver, resolveram, só que não da forma que eu pensei. A polícia "enxota" os pedintes, os drogados e quaisquer sem-abrigo para fora do centro de Amsterdão para não chocar os turistas. As estações de comboio dos arredores são, de noite, iguais à Centraal de há 15 anos atrás - só faltam os turistas. Não haverá outra forma de lidar com este problema?
Há 6 horas
3 comentários:
Acho que sabes que a pergunta é quase retórica. Certamente existirão teses sociológicas sobre os problemas da droga, delinquência e insegurança mas se a sua aplicação fosse de eficácia generalizada já estariam disseminadas.
Nas sociedades em a liberdade individual é (mais ou menos) respeitada e a repressão (brutal) não é exercida, somos "obrigados" a conviver com as escolhas ou destinos dos outros, tentando controlar a distância.
Certamente existem ideias, políticas e propostas mais aptas que outras para o combate à pobreza e à exclusão, que terão a respectiva factura. Acredito, às vezes, que depende de quem escolhe (vota), com as limitações conhecidas, a opção pelo modelo que quer ver aplicado. Existem ainda acções de voluntariado (ou envio de donativos) onde cada um pode contribuir activamente para as causas que defende, sentindo-se assim parte da solução ou pelo menos da minimização dos problemas.
Quando era criança (de idade), ouvi um senhor dizer na televisão, a propósito da criminalidade e da lotação das prisões, que metade dos portugueses estaria melhor se a outra metade fosse presa mas a medida não era aplicável. Na altura já existia lixo televisivo. E pior, identifiquei-me com a ideia. Serve esta memória de infância para dizer que não há soluções fáceis e nunca sabemos em que metade vamos ficar.
Tens razão, a pergunta era mesmo só retórica. Outras soluções, a existirem, não serão nada fáceis, mas esta continua a chocar-me.
A mim o que me choca é que, a maioria das pessoas como nós que cá vive, não sabe deste facto. A maioria pensa que pura e simplesmente...não há mendigos nem drogados na Holanda!! Que País maravilhoso senhores, isto é que é civismo, isto é que é segurança! Viva a Holanda caramba! Viva a hipocrisia. :)
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