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eu, aparentemente, tenho múltiplas pronúncias. Já há anos que me dizem que, ao falar o meu português, não tenho pronúncia lisboeta - coisa complicada, já que vivi toda a vida em Lisboa e a única avó cuja naturalidade não é lisboeta é... da Costa da Caparica (sítio longínquo e com uma pronúncia cerrada e distintíssima da lisboeta, como será fácil de perceber). Agora alastra-se às restantes línguas.
Ora ficaria satisfeitíssima que me achassem inglesa quando falo inglês, espanhola quando tento não falar portunhol e francesa quando gaguejo os esquecidos verbos dessa língua. Mas, aparentemente, tenho pronúncia polaca nessas 3 línguas, pelo menos segundo uma americana (disse-mo ontem) uma francesa (acho que foi há 2 dias) e uma espanhola (não me lembro quando). Mas se é curioso não ter pronúncia lisboeta em português, ter pronúncia polaca seja no que for é hilariante, pois não falo pêvas de polaco nem nunca pisei semelhante terra.
A cereja no topo do bolo veio ontem. Após uma conversa mais ou menos prolongada com uma brasileira vem como despedida "Então boa tardji, êstrangeira!" e eu, um pouco apardalada mas não o suficiente para fechar a matraca perguntei "Estrangeira?". Responde-me a brasileira do outro lado da linha: "Sim, você não é brasileira, poijs não? Mais fala um portuguêis quasi perfeito, viu?". Vá lá que tive presença de espírito para lhe responder um "É natural, dado que sou portuguesa...". Enfim, dava meio mês de salário para estar no Brasil (já agora com direito a tempo para umas férias) e ver a cara da senhora enquanto me gaguejava que não se tinha apercebido. Para o que uma pessoa está guardada, com franqueza.
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10 comentários:
A história do polaco é muito comum aqui, aliás na rua confindem muitas vezes o português com o polaco. Tem a ver com a quantidade de "ch". Aliách, echtách a ver, etc. Eu já não tenho a minha pronúncia de polaca para o alemão, mas agora o meu alemão está a entrar pelo meu inglês adentro à forçça de trabalhasr numa equipa internacional que inclui alemães e a coisa é A-S-S-U-S-T-A-D-O-R-A.
Outra coisa, ainda nas personalidades múltiplas: também tens várias vozes? Eu em alemão sou doce que enjoa, parece que aprendi a língua a fazer baby talk, já em inglês sou mais ou menos a mesma do português (??!!), nas outras nem sei. E mesmo dentro das llínguas a coisa muda, outro dia quando estava a fazer aquele vídeo tive de regravar uma versão onde a velocidade e a entoação já estavam bem, mas o tom fazia parecer que ele tinha sido dito por várias pessoas.
Goldfish e Rita, isso é muito engraçado. Há muitos anos, ao fim de um mês em Itália, os italianos pensavam que eu era italiana mas de outra região. E há menos anos, no Brasil, também me disseram que falava muito bem português :-)
Bem, os vários tons de voz, efectivamente, não sei... nunca me ouvi!
Gi, fico satisfeita por saber que não sou a única portuguesa a falar bem o português. :D
És tão poliglota, tão poliglota, que quando falas uma língua estrangeira, arranhas outra! :oP
Goza, goza!
Gi, tu disseste UM MÊS??????
(eu pelo sotaque ninguém descobre que sou estrangeira, mas já tenho mais de uma década disto, entre a escola e a vida aqui)
Bem, Rita, deixa-me dizer-te uma coisa que soube há poucos dias por uns italianos com quem trabalho. O "italiano" surgiu no final do séc. XIX e ainda há muita gente (velhotes em terreolas, principalmente) que falam apenas dialectos, nem uma palavra de italiano. E que, entre o sul e o norte há diferenças tão profundas na língua (incluindo sotaque) que até têm o alfabeto diferente (k e y, por ex., não se usam em alguns sítios) e sinais, como o trema, que só se usa no norte, por influência alemã. É fácil, por isto, acharem que o sotaque é de uma qualquer região.
Obrigada, estou mais descansada! :)
No meu local de trabalho, sempre que tenho que mandar um mail aos brasileiros, respondem-me em espanhol.
Lindo... Devem achar que és espanhola (espero acertar no género) a tentar escrever português, e depois fazem o favor de tentarem escrever espanhol para ti. Que bonito. Bem-vinda!
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