Estas são a Ev. Kaiser-Wilhelm Gedachtenis Kirche e a coisa horrorosa que lhe plantaram ao lado. É uma das poucas (a única com que dei) ruínas da Guerra que ainda está de pé. O interior está vazio, completamente destruído. Desconfio que os berlinenses já nem olham duas vezes para ela, mais atentos às barraquinhas de comes-e-bebes que a rodeiam. Não sei muito além do seu nome e que ficou de pé porque os berlinenses se rebelaram contra a demolição do que deve ter sido um belo monumento e acabaram por a manter como memória de como Berlim ficou. Não tem telhado, os relógios reluzentes só mostram a hora certa duas vezes por dia e a rosácea (não se vê deste lado) ficou completamente destruída, sendo agora um grande círculo de pedra vazio.
Esta foi a primeira foto que tirei em Berlim. De olhos marejados. Isto não é o que resta de uma obra que uma civilização ergueu e que, por desleixo e erosão da passagem do tempo, assim ficou. É algo que num momento não muito longínquo estava inteiro, e que, num instante, ficou reduzida a metade. Um instante de terror absoluto que, repetindo-se, transformou uma cidade num monte de ruínas. Arrepiou-me.
4 comentários:
Bom, não páras com essas conversas e eu assim não descanso enquanto não puser os pés em Berlim. Ja está na lista!
Não vou parar... E deves ir, que bem vale a pena. Aconselho uma altura do ano menos tórrida.
Fui a Berlim há uns anos. Passei por essa igreja muito rapidamente (de táxi) e também me impressionou. A sensação que descreves (olhos marejados perante algo arrepiante que se passou praticamente ontem e que agora parece pertencer a um mundo longínquo) tive-a junto a uma casa residencial, na ex-parte soviética, cujas paredes tinham uns buracos enormes de balas (de metralhadora pesada?). Apareceu-me à frente vinda do nada e esmagou-me.
A reconstrução anda a mil... Já quase não há vestígios da guerra. Buracos de bala, só em Potsdam.
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