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Há uns tempos recordei-me de uma tia-avó semi-analfabeta que não conseguia escrever "água" correctamente pois seguia sempre o que se pode definir como concordância oral - ou seja, escrevia como dizia. Ora, se dizia sempre "a áuguinha", falasse da do copo ou da do mar, quando eu, mestre-escola na 3ª classe, lhe ditava "água" ela pegava na sua "áuguinha", tirava o diminutivo e ficava com "áuga". Não valeram de nada as repetições da palavra por escrito (5x cada erro) contra 6 ou 7 décadas de oralidade tresloucada.
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1 comentário:
LOLOLOL.... pela "oralidade tresloucada".. a minha avó, que só tinha a 4ª classe mas que trabalhou como empregada doméstica em casa de família "finas" de Lisboa nunca deu um erro... Tenho para mim que isso depende essencialmente da utilidade ou não que a escrita tem nos nossos dias. Podemos ter um curso superior com direito a Pós-Doc e tudo e cada palavra ser cada erro ortográfico ou gramatical. Se a pessoa não precisava de escrever sequer, quanto mais ralar-se em escrever bem. Isso é para quem tem tempo (porque a necessidade de trabalho é mais exigente que o resto - e isto não é descriminação) ou para quem gosta.
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