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«Se houver, como dizem que há, um Céu dos Cães,
é lá que quero ter assento, a ver a luz a minguar no horizonte,
com a sua palidez de crepúsculo num retrato de infância.
Hei-de então bater à porta e pedir para entrar,
e sei que eles virão, contentes e leves, receber-me
como se o tempo tivesse ficado quieto nos relógios
e houvesse apenas lugar para a ternura,
carícia lenta a afagar o pêlo molhado pela chuva.
Então poderemos voltar a falar de felicidade
e de mim não me importarei que digam:
teve vida de cão, por amor aos cães.»
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in Amados Cães, José Jorge Letria
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